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Muito se fala sobre a polinização e a sua relação com as abelhas. Mas, diz-me tu, sabes qual é a importância destes insectos neste processo? Se já não te lembras, vem daí. Eu explico-te tudo. Entretanto, e depois, estás proibido(a) de matar abelhas!

É frequente ver as crianças pedirem aos pais para não matar abelhas, por mais inconvenientes que estas possam ser quando estamos sentados na melhor das esplanadas. A razão? A memória delas está fresquinha e é provável que tenham acabado de aprender na escola que as abelhas são vitais para a polinização. Mas, afinal, o que é a polinização? Ainda te lembras?

A polinização é a transferência de células reprodutivas entre flores da mesma espécie. Este processo é fundamental para que as flores das plantas continuem a produzir sementes e frutos de qualidade. Pois é, ainda te lembravas que são as flores das plantas que nos dão a fruta e vegetais que comemos?

Cerne da questão? Poucas plantas têm a capacidade de autopolinização e a maioria depende de agentes abióticos, como o vento e a chuva, ou agentes bióticos, como as abelhas e outros seres vivos que visitam flores como fonte de alimento.

Embora outros animais, como outros insetos, aves, alguns mamíferos e répteis, possam ser agentes polinizadores, as abelhas são, sem dúvida, os mais comuns. A espécie mais conhecida é a abelha ocidental doméstica, associada à produção de mel através da apicultura. No entanto, a Europa tem cerca de 2 mil espécies selvagens, cujo papel é complementado, mas não substituído, por estes polinizadores domesticados. 

A Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) estima que 75% das espécies agrícolas cultivadas para alimentação global estão dependentes da polinização com a ajuda da abelha para a reprodução e manutenção da variabilidade genética.

No entanto, as alterações climáticas estão a ameaçar a abundância e variedade destes insetos polinizadores na U.E. Sabias que o Parlamento Europeu alerta para o facto de cerca de um terço das populações de abelhas e borboletas estarem a desaparecer?

Pois é, falar sobre alterações climáticas não é uma teoria da conspiração. A poluição ambiental, a exploração agrícola intensiva (e os pesticidas utilizados), o aparecimento de doenças e a mudança da utilização dos solos para, por exemplo, construção de edifícios, são os principais responsáveis pela perda da biodiversidade responsável pela polinização.

A diminuição de agentes polinizadores impacta o desenvolvimento de várias espécies de plantas que poderão mesmo desaparecer por dependerem destes animais. Esta alteração nas populações de polinizadores tem ainda impacto direto na segurança alimentar com perturbações nas pastagens agrícolas dependentes deste tipo de polinização. A preocupação com a proteção de animais polinizadores, como as abelhas, motivou a União Europeia a criar a EU Bee Partnership Prototype Platform que monitoriza a saúde destes seres vivos.

Então, como proteger as abelhas?

Há muitas dicas que devemos levar à letra:

  • Protege as nossas florestas. Planta árvores e trata da área florestal, quer tenhas um terreno privado ou do Estado. As florestas equilibram o ecossistema e geram biodiversidade;
  • Pratica uma agricultura sustentável, sem químicos que possam adoecer e matar estes (e outros) animais. Se tiveres espaço, planta flores na varanda ou quintal e não uses pesticidas ou herbicidas;
  • Não magoes as abelhas. Se tiveres uma colmeia demasiado perto da tua casa, procura uma solução junto de um apicultor, antes de contactar um exterminador;
  • Enquanto consumidor, opta por produtos de origem de agricultura sustentável.

A verdade é que sem agentes polinizadores, como as abelhas, dificilmente te irás nutrir com alimentos como feijão, maçãs, laranjas, nozes, entre outros fundamentais para a tua saúde e dos teus filhos.

Não vires costas à ciência. Assim como às abelhas, ela também te ama e a última coisa que quer que aconteça é que tu entres em extinção.

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